bate-boca saudável

Longe de mim criar um blog para impor opiniões, doutrinas e ideologias. É fato que quem escreve sobre assuntos polêmicos deve assumir uma posição e defendê-la arduamente, considerando as contra-argumentações recebidas como fonte de repertório e não de possíveis desavenças. Todos que se interessarem são bem-vindos

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Metalingüagem, com trema mesmo



Quando Platão , em "A República", criticava os poemas histórico-românticos de Homero, e mostrava-lhe a distorção que fazia em suas obras, dividiu-se, finalmente, os dois hemisférios, anteriormente mal conectados : o mundo sensível e o mundo inteligível. No começo, apreciara-se essa descoberta como meio de se obter a essência das coisas, a verdade efetiva dessas mesmas - posteriormente denominada por Descartes ; enfim, esboçava-se a ciência. Como os filósofos, segundo Olavo de Carvalho, orientam suas teorias com base na crítica de seus antecessores, o universo dos pensadores se fragmentou. A linguagem, no entanto, permaneceu naturalmente sendo usada por todos a fim de demonstrar os estudos feitos. E ela , mesmo que poucos se sintam confortáveis com isso, pode assumir várias funções em diferentes textos. A produção mais abstrata ,por sua vez, aproveitou mais essa flexibilidade linguística. Os processos verbais e não verbais, em linhas gerais, distanciam-se na formalidade; porém, no fim, aconchegam-se entre a mente e a alma : ás vezes pelas nuvens; outras, pelo fogo ardente. Esses encontros surgem da capacidade metafísica das letras ou desenhos; remontam os outros 4 sentidos, as sensações, desejos, sentimentos no ethos - palavra grega que traduzida como " o mundo inteligível". No campo dialético, a maleabilidade das palavras , sempre influente, fez germinar diferentes clãs com forte potencialidade de brotamento. Os céticos - grupo de "pensadores" que duvidavam de tudo - usavam da imprecisão, recorrente no estudo imaterial, pois acreditavam ser impráticavel aprofundamentos filosóficos. Já os sofistas - conhecidos pela arte de convencer sem ter razão - , esses sim, manipularam mais profundamente as nuânces da escrita a seu favor; maleabilidade sintática, sêmica, foram recursos amplamente utilizados pela sua erística.

Adaptação ou substituição?

"Não troque as bolas!". "Não ponha os pés pelas mãos". São expressões antigas ( mas atualizadas) que traduzem o contexto sociocultural do século XXI - porém, parece estar se diluindo. Na própria língua é dose, mas há. Agora o povo manda no idioma. Democrático não?! Ladainha, poxa. Há especialistas, profissionais que trabalham nesse campo do conhecimento e deveriam se impor, aplicando regras que convém com a logística da ciência, em vez de se submeter ao bate-boca popular. Ninguém tem que usar a norma culta da língua numa prosa de bar; mas não se pode expremer ,no dicionário, significados em palavras que já possuem seu "locus" específico ( como o caso do artigo "Arte: quase que sem artistas" ). Gostei da moda, da música ( mesmo sendo piegas e repetitiva), que adaptaram suas raízes de forma original. A literatura ( graças a deus , salva da 1 geração modernista), o cinema ( mesmo abobado com os efeitos especiais e desnorteado da exploração mental) também resolveram dar valor a historicidade.Existem coisas que não se alteram - ou não deveriam ser modificadas -, estão perfeitamente estáveis. Coerência, palavrinha mágica do dia. Vai ver é uma época boa para entrar nesse ritmo: agora, menos tóxico.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Quero festa, alegria, diversão e não carnaval.

Até tem como ficar parado resmungando, reclamando, criticando; no entanto, o que da vontade mesmo é de sair na gandaia, cair na folia e aproveitar tudo que a data tem de especial. Lógico que o carnaval nos propicia tudo isso; evoca festas tradicionais, promove o desapego às diferenças socias, além de fornecer forte energia vital ao ambiente.Porém, os tempos mudaram e o carnaval, infelizmente, também. Tava perfeito já, era aquilo mesmo que se deve propagar : amizade, solidariedade, paixão; tudo envolvido por uma forte confraternização. A droga é esse modernismo excessivo; entorpece todos, desde os organizadores do evento até os participantes. Que deixem as mulheres peladas para as revistas e programas televisivos ( já que não tem mais como evitar ); as "celebridades" midiaticas que fiquem atrás das telinhas, pois essa festa é do povo ( mesmo que esse não tenha consciência disso; até porque só se dão conta tarde ). Quero as fantasias, o folclore, as danças. O mundo inteligível pede; a cultura implora.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Arte: quase que sem artistas.

O que me leva a crer que esse é um assunto interessante foi a própria mídia. Inspirada na "cultura" moderna, que vangloriza os falsos criadores, ela comporta diferentes vertentes , dentre revistas,jornais, internet, etc - gostei disso. Outrora li uma crítica a essas revistas de fofocas sobre as denominações que davam as suas "celebridades" : artistas. Ora, artista é quem cria; não que todos não saibam seu lugar no cosmos, mas , no geral, reproduzem seus scripts, fantasiam-se ou viram fantoches das câmeras. Os infortúnios não acabam por ae; mas prefiro esperar para ler outros desses. Pena que a verdadeira Arte ficou para os mais afortunados; ela sempre foi bem quista pelos que refletem, discutem e agonizam. Quem sabe foram tomados pela onda tecnológica; dessa vez, numa velocidade mais que digital.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Silogismo.

Num campo bem mais abstrato, na filosofia, há um pensamento lógico - o silogismo - que busca afastar qualquer sofisma - uma mentira mascarada de verdade - do raciocínio e revelar a verdade. No mundo dos competidores acontece parecido. Detenhamo-nos ao vestibular. Alguns o veêm como uma prova estúpida, uma etapa desnecessária, pois quem faz a faculdade é o aluno, e então qualquer uma serve. Outros preferem se ludibriar: "- as universidades públicas já tiveram seu prestígio; hoje, o estudo científico privado é que detém as ferramentas mais modernas". E ainda há aqueles que não sabem o que querem da vida; deixamos eles para trás. Bom, mas não é bem assim. Considero-me uma exceção. Por acaso, mas deu certo. No auge da puberdade mais incisiva (15 anos) surgiu-me a oportunidade de ir buscar "longe" - numa cidade maior - um estudo mais eficiente. A priori, tudo era festa : conhecendo novas pessoas - por mais que os curitibanos fossem mais fechados - e podendo curtir o "sonho brasileiro" de morar sozinho. Não mais que um ano se passou, e eu e os meus colegas curitibanos conhecemos um mundo agitado, misterioso, sinuoso : o Vestibular. As pessoas literalmente viviam para aquilo. Era uma sensação díficil : no suspiro das salas de estudos saía parte do vapor fervoroso dos cérebros e as milhares de folhas lidas, reescritas e sublinhadas pareciam ter sido excretadas depois de uma forte digestão.Ninguém podia se dar o luxo de se desvirtuar desse caminho. Uma vez dentro, era preiso absorver cada aula de segunda à sábado , tomando a manhã e tarde inteiras, mesmo que mais tarde fosse preciso ter aulas particulares, o que é comum. A grande maioria tem muito dinheiro; não se trata do valor material. Poucos dos que entram na verdadeira batalha são tolos, sabem que o assunto das refeições vai ser sempre o mesmo; e a conversa não tem fim. Nem essa nossa conversa tem. O desfecho deixo para imaginação, devido a peculiaridade do momento. Só posso dizer que é importante estudar, trabalhar, conviver em um ambiente de lutadores. Se encontrar um lugar desse, vá, não hesite.