bate-boca saudável

Longe de mim criar um blog para impor opiniões, doutrinas e ideologias. É fato que quem escreve sobre assuntos polêmicos deve assumir uma posição e defendê-la arduamente, considerando as contra-argumentações recebidas como fonte de repertório e não de possíveis desavenças. Todos que se interessarem são bem-vindos

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O valor da cidadania


Em homenagem a uma pessoa com quem converso , decidi fazer esse artigo. Talvez em outros textos, dei a entender que sou um pessimista ácido. Não, estou aqui para mostrar o pouco que falta, às vezes, para desmistificar certas questões. Esse é o ponto. Nada mais , nada menos que uma pedagoga veio me mostrar que nem tudo está acabado, só não pode parar. Crianças até a primeira série, segundo ela, devem ter uma noção boa de leitura e escrita. Da segunda para terceira precisam aperfeiçoar seus textos. Trabalho mais do que complicado, porque os que acompanharem os alunos depois dependem disso. Aliás, talvez falte isso. Dois pontos a levantar. Um depende do outro e se andarem juntos só tendem a triunfar. Essa professora me mostrou que as barreiras que impedem as crianças de se interessarem são formadas pelos pais ou pelo próprio espaço em que vivem. A psicologia sistemática, a mim apresentada, consiste em conciliar a vida familiar e escolar do aluno. Ou seja: os pais participam das atividades e tem capacidade de julgar sua competencia. O espaço, por sua vez, é combatido com outra arma. Aquela que nos passa despercebida e é mal vista: a cidadania. Todos criticam os "falsos direitos e deveres", dizem que só servem para preencher papel; de fato, esses rasbiscos são simbologias, que devem ser postas em prática. Bom, é esse o objetivo que a educadora almeja alcançar : formar bons cidadãos. Quantas pessoas procuraram ler sobre essa questão? Poucas, quase nenhuma - eu também não. Mas ela deu um banho. Convidou os alunos a "multar" os pais , caso esses não cumprissem seus deveres; os responsáveis ( ou irresponsáveis?) sentiam vergonha; os alunos, emoção, tinham o poder da virtude em mãos. Finalmente, os pestinhas tinham liberdade de usar toda sua energia, aprendendo as leis morais e construindo valores próprios. Quando abriu-se um "clube da poesia", todos se interessaram, queriam se expressar, refletir sobre a vida que levavam. Venham estragar essas crianças com essa burocracia apostilada e materialista, venham. Covardes. Queria poder estar nessa turma.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Complexo dos jegues.


Aproximam-se datas importantes para mim... Hora de falar um pouco do meu mundo. Soa-me estranho ver pais engenheiros, médicos, advogados educarem mal seus filhos; todavia, acontece. A culpa não é dos "pestinhas", não mesmo! Se eles tiram 10 na prova, leêm um livro dificil, se interessam num trabalho recebem um baita abraço, uma mesada maior, mais tempo para se "divertir". Mas quando ganham um campeonato esportivo, uma gincana são elevados a mestres, merecedores de um imenso jantar e do videogame de ultima geração. E porquê? Claro que esportes são importantíssimos não só para saúde, mas para interação com os colegas; porém, não ganham nenhum pouco das conquistas intelectuais. Deviam saber os bem-sucedidos pais, que - na maior parte das vezes- investiram noites em claro , debruçados em livros para se estabelecer profissionalmente. Apesar disso, em vez de estimularem os filhos a já se prepararem para a grande concorrência da vida, preferem divinizar e alongar os minutos de "fama" do "filhotinho", que, várias vezes, está em dívida com as obrigações escolares. O Bullying, resposta a essa distorção dos méritos, geralmente acontece com quem não é apto a prática de exercícios físicos , não tem o corpo estereotipado da televisão, ou prefere se deter a atividade intelectual. No último caso, são denominados "nerds". Se for os três está perdido nas relações sociais na escola. Até por parte dos professores, que, se não se adaptam aos valores "modernos", recebem um tranco da direção, ameaçada de perder o aluno. É, não acaba por aí. Eles usam toda a imaginação e energia para dar um "jeitinho" de passar de ano e triunfar nos esportes, enquanto as "gatinhas" e os respectivos pais aplaudem de pé a atuação do prodígio jegue. Elas estão mais preocupadas com o salto alto, a sombra e o blush. Pequenos, pequenos. São pequenos sim, mãe e pai, mas diversão tem limite. Depois não exijam que passem no primeiro vestibular. Todo conhecimento precisa de um longo processo de reflexão e sedimentação.

domingo, 17 de janeiro de 2010

A verdadeira simplicidade.

Demorei a postar; estava viajando com um amigo meu. Aliás, que grande viajem! Na mais pura harmonia do sossego, vi-me dentro de uma família diferente, mas não menos especial. Dentro desse contexto, observei pessoas mais simples, outras mais abonadas. Apreendi-me nas mais simples. Num hábito sertanejo, acordam lá pelas 6 da manhã; distribuem na mesa os doces feitos na tarde passada; apreciam o dia como se fosse único, ao lado de um chimarrão quentinho. Mas nem tudo é uma maravilha árcade. Após um almoço bem brasileiro, deliciam-se - agora com mais vontade - das peripécias na televisão. Não que os filmes, programas de rádio, ou sites não influenciem nas nossas vidas, mas a programação televisiva comum é campeã. Não que os abonados não se deixem levar por essa onda (ver artigo anterior), mas alguns se salvam - ainda. Não há escapatória na lista dos canais.Eles nos enfeitiçam: cores e sons estimulantes despertam a atenção da massa; as imagens, por sua vez, garantem o toque mais sútil da hipnotização. Os corpos esbeltos, com músculos torneados à mostra - sempre à mostra - preenchem o palco da tragédia. Os rostinhos sorridentes, cheios de botox e implantes, protagonizam a apresentação. Salvo os jornais e cia, que fazem parte de outra questão, os programinhas (auditório, telenovelas...) mostram as nossas crianças a "felicidade moderna". Banalizam a situação gay, os valores religiosos, os costumes mais tradicionais, por exemplo, - isso, em vários deles -. Propagam que a realização eterna está nas orgias e fantasias sexuais; criam o mundo opressor , preconceituoso para esconder assuntos mais sérios, e que, no fim, consegue se consertar, se adapta as maravilhas do século XXI- como podemos, obviamente, ver, não é mesmo?. Tudo - e é tudo mesmo - besteira. Pior: os adultos não escapam mais. Gozam das piadas e palhaçadas, que germinam, na grande parte das vezes, da desgraça ou ignorancia dos outros. E não é dificil de saber de onde vem tal ignorancia. Não basta saber da nova geração dos celulares, das comidas rápidas sem ter um conhecimento prévio das questões que regem a sociedade. Ou seja, uma informação pode se transformar num projeto alienante, quando não se é apto a julgar, criticar, decifrar, aproveitar o mundo.