bate-boca saudável

Longe de mim criar um blog para impor opiniões, doutrinas e ideologias. É fato que quem escreve sobre assuntos polêmicos deve assumir uma posição e defendê-la arduamente, considerando as contra-argumentações recebidas como fonte de repertório e não de possíveis desavenças. Todos que se interessarem são bem-vindos

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Isolamento mórbido


No começo do século XX, em meio ao fervoroso processo de industrialização das metrópoles, um grupo de literatos - depois denominado 2 geração romântica - desenvolveu uma vertente mais intimista, melancólica e , acima de tudo, pessimista no romantismo. Era uma tentativa de amenizar, por meio da literatura, as consequências de uma conjectura turbulenta, competitiva; buscava-se encorajar a comunidade a enfrentar seus demônios, angústias que , antes suprimidos devido a uma demanda obcessiva, vinham a causar sérios transtornos pessoais. Desde então, a procura por analistas - seja psicólogo, psicanálista, psiquiatra - cresceu vertiginosamente na tentativa de apaziguar, deliberar um complexo intrínseco. No Japão, atualmente, entre os homens, estima-se que 50 mil- os hikikomoris -( entre 18 e 34 anos) preferem se enclausurar em casa, vivendo apenas na fantasia dos seus games, a fim de evitar contato com um exterior demasiadamente célere e usurpador. Não precisa ir muito longe para ver os efeitos dessa tacocracia. No Brasil, o número de solteiros se multiplicou; geralmente jovens e adultos reclusos em apartamentos - verdadeiras fortificações para proteção contra os escombros modernos ou, como se diz, violência implácavel - preservam uma rotina compensatória à rescisão social, relacionamentos efêmeros e um pouco das atrações descontraídas ( na verdade, erotizantes) urbanas. As famílias - as que ainda não se desmantelaram - não conseguem manter um convivío, se perto; nem os ritos tradicionais, se longe.Não tem mais Páscoa, Natal. Isso porque ainda há familias; daqui a pouco serão só grupos, clãs com interesses convergentes. É um por todos e todos pro inferno.

3 comentários:

  1. Oi, Rossini:
    Perfeito, ótimo texto; hoje o que mais se vê são famílias desestruturadas, familiares isolados como tão bem você abordou por vários motivos.
    Deixo-lhe aqui um link que gostaria muito de sua leitura.

    http://taisluso.blogspot.com/2009/08/familia-so-e-bonita-em-porta-retrato.html

    bjs
    tais luso

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  2. Ainda não acho que tudo está perdido. Mesmo com as discussões e desentendimentos é família. E geralmente quando acontece alguma coisa, o que se faz? Se pede socorro a ela! =)

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  3. Pura verdade o que falou! Acho que é uma evolução "natural", o meio achado de sobrevivência por alguns, assim como citou. Para mim errado, mas quantos de nós já não teve uma vontade louca de se isolar de tudo e de todos?
    Esse isolamento está cada vez mais próximo, e se quem o usa compreende como é importante se envolver em outras atividades, seja elas quais forem, acho que não precisa ser prejudicial, afinal esse é nosso mundo moderno. A mudança é uma regra e nós estamos mudando.

    Deixo o link do meu blog por aqui:

    http://marcostrauss.blogspot.com/

    Abraços

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